Wednesday, September 27, 2006

Para onde estamos caminhando...

(Portuguese only)

Recebi este email de um amigo, e estou repassando aqui no Blog pois acho muito pertinente ao momento em que todos os brasileiros estão passando:


Tenho dois filhos, um de 11 e outro de 7 anos. Hoje, ao explicar a eles em quem eu não iria votar, e porquê, o mais velho me perguntou na lata:
__Mas pai, por que ninguém faz nada? Minha resposta foi apenas o silêncio, seguido de uma incômoda sensação de culpa que gerou o texto abaixo:

- * -

Eu havia me prometido nunca mais me desgastar com a política, mas o que está acontecendo atualmente no Brasil transcende os limites da política e beira o grotesco. O mesmo jornal que vem noticiando, há vários meses, os esquemas e falcatruas palacianas trouxe hoje a mais recente pesquisa que aponta Lula como virtual vencedor da eleição, já no primeiro turno. Isso depois de mais uma semana de exposição do mais recente “caso” e dos nomes dos envolvidos. Ironicamente, um deles se chama Freud, ocupa a sala destinada à primeira-dama, no mesmo andar ocupado pelo presidente da república e o acompanha há mais de vinte anos. É preciso dizer mais? Um a um, todos os homens do presidente caíram: Dirceu, Genoino, Palocci, Delubio, Paulo Cunha, Berzoini... o que mais é preciso? Será que nos transformamos em uma nação de cínicos?

Não sou ingênuo! Sei que esquemas e corrupção são comuns em governos, no Brasil e em todo o mundo. O que não é comum, e isso me assusta, é a nossa passividade diante das evidências, e mais do que a passividade, o fato de referendarmos os responsáveis pela situação com o nosso voto.

É claro que boa parte desse voto vem das classes de baixa renda que estão recebendo sua esmola mensal com o dinheiro que deveria ser usado em saneamento básico, escolas e saúde. Mas isso explica apenas parte do percentual de 58% dos eleitores. O que assusta, é aquela parcela expressiva dos cidadãos esclarecidos que lêem e sabem o que está ocorrendo e, mesmo assim, dá o seu voto para que tenhamos mais quatro anos “disto” que ai está. O que me angustia, é pensar que tipo de homens nós estamos forjando, porque hoje nós estamos passando aos nossos filhos a seguinte mensagem: você não pode roubar o brinquedo de seu coleguinha porque isso é errado, mas, quando você crescer e, quem sabe, tiver um bom cargo público, ai sim, você poderá roubar e fazer o que quiser com o dinheiro de 180 milhões de pessoas. Ai pode! Afinal, o dinheiro público não tem dono, não é mesmo? O fato, é que nós estamos dando um péssimo exemplo aos jovens ao referendar um governo repleto de irregularidades, conforme a imprensa vem mostrando, “ad nauseum”. No íntimo, todos nós sabemos a verdade, embora alguns finjam não ver. O mau-cheiro que exala do andar de cima é intenso e se mantém teimosamente no ar.

Muitas pessoas com capacidade crítica para mudar o futuro deste país parecem não se dar conta da dimensão de seu gesto no próximo domingo. Não se trata apenas de escolher um candidato favorito, como se isso fosse uma corrida de cavalos. Trata-se de sustentar algum patamar moral para a nação! Trata-se de escolher que Brasil nós queremos construir! A violência que assola o país, e que um dia pode levar embora um filho nosso, não é conseqüência somente da falta de cadeia para enfiar todos os bandidos. Essa violência está diretamente relacionada a nossa histórica tolerância com dirigentes incompetentes e corruptos que há tempos infestam o país. E nós temos culpa nisso sim, pois escolhemos livremente todos os nossos representantes.

No dia da eleição, vou votar com meus filhos ao lado. Quero provar a eles que ainda não estou cego e que, se eventualmente não fiz tudo o que poderia, pelo menos não serei cúmplice do amanhã que está se desenhando.


Dailton Felipini, Lucas(11) e Pedro(7)

No comments: